[30-21] [20-11] [10-01]
30. Sina – The Baggios
Gênero: Blues-Rock
“Sina”, segundo disco do The Baggios, é um disco feito para quem gosta de pegar a estrada e comer poeira. Novamente encarando uma epopeia sertaneja, a banda formada pelo guitarrista e vocalista Júlio Andrade e pelo baterista Gabriel Carvalho volta a fazer o nordeste pegar fogo não apenas devido ao eterno verão, mas pelo som pesado que o blues-rock do duo sergipano consegue emanar. Com guitarras quentes, baterias pesadas e uma base sonora clássica, mas que, apesar de antiga, consegue atrair a todo momento, o The Baggios constrói um ponto de evolução na sua carreira, bem como arquiteta um espaço na música brasileira que é somente seu.
Por quê? Talvez pelo fato do The Baggios ser uma das poucas bandas brasileiras que conseguem transformar as mais antigas ideias do rock norte-americano em algo novo e brasileiro. Ao embarcar na viagem proposta por “Sina”, o ouvinte não embarcará, portanto, em uma adaptação meramente copiosa da sonoridade dos grupos clássicos de blues-rock. De forma magistral, Andrade e Carvalho inserem as raízes musicais do Estados Unidos em um cenário legitimamente nordestino.
Como acompanhamento para essa viagem pelos cenários arenosos do sertão, uma musicalidade intensa que apenas em poucos momentos se abranda. Pinceladas de ritmos nordestinos e um vocal repleto de sotaque fazem com que o ouvinte até encare pequenas lembranças de Raul Seixas, mas, no fundo, “Sina” é um disco marcado pelas novas possibilidades. É como se uma velha maria-fumaça levasse seus passageiros a lugares até então inabitados pela música tupiniquim.
29. O Passo do Colapso – Dado Villa-Lobos
Gênero: Rock Alternativo
Dentre os grandes nomes rock oitentista nacional, Dado Villa-Lobos é o que parece resistir melhor à passagem do tempo. Mais do que isso, o instrumentista parece fazer da experiência que carrega uma fundamental aliada, utilizando-a como um incentivo para que sua música soe contemporânea, e não apenas uma rasura daquilo que ele desenvolvera, com muitas glórias, dentro da banda Legião Urbana. As heranças do passado ainda se fazem presentes, é evidente, mas apenas servindo de base para um trabalho expansivo. Evolução do que o músico havia ensaiado em 2005 com “Jardim de Cactus”, seu primeiro álbum em carreira solo, “O Passo do Colapso” é a reafirmação natural de um músico que está distante da aposentadoria.
Se poucos são os antigos roqueiros que ainda mantém a qualidade criativa intacta, cabe a Dado agradar um público exigente que às vezes até pensa que o rock brasileiro já morreu. Topando manter viva a chama que brilhara tanto com o Legião Urbana, quanto com outros grupos de destaque, como Titãs, Paralamas do Sucesso e Engenheiros do Hawaii, o guitarrista não mede esforços para construir um trabalho especialmente coeso, que possa flertar com os anos oitenta sem abandonar a segunda década do século XXI. Sabendo amarrar todas as suas referências em canções que se expandem, mas que mantém a unidade do disco, Villa-Lobos, ao contrário de muitos de seus contemporâneos, consegue manter o mesmo respeito que detinha nos áureos tempos do chamado “BRock”. O tempo pode até ter passado, mas ele mostra se manter entre os melhores músicos deste país.
Tanta vivacidade e conhecimento musical fazem com que guitarras soem livres pelo trabalho, abertas a diversas possibilidades, não se prendendo apenas aos ruídos que vem acompanhando o artista há tanto tempo. Apesar de conter uma intensidade natural, “O Passo do Colapso” sabe serenizar-se quando necessário, mantendo o ouvinte atento a um jogo que, apesar de constante, sabe se enveredar por diferentes caminhos… Nada daquele rock velho, desbotado, empoeirado e cheirando a mofo, mas uma sucessão excitante de canções que sabem soar cronologicamente plausíveis. Não existe uma época certa para a música de qualidade, e com “O Passo do Colapso” Dado ajuda a nos mostrar a verdade que existe nessa afirmação: afinal, seu trabalho se mantém bom como sempre foi.
28. As Plantas que Curam – Boogarins
Gênero: Rock Psicodélico
Ainda que alguns possam dizer que Fernando Almeida e Benke Ferraz são os “novos mutantes”, pouco do que foi desenvolvido nos anos sessenta pela banda de Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee assume um sentido de cópia nas mãos da banda Boogarins. Embora as referências dos Mutantes se espalhem naturalmente por todo o trabalho da banda goiana (assim como ocorre em qualquer outro grupo brasileiro que se atreva a fazer rock psicodélico), “As Plantas que Curam”, o primeiro álbum do duo, parece fadado a transformar o que era antigo em algo inegavelmente atual. É como se as distorções, as vozes instrumentais e todos os demais elementos das viagens lisérgicas assumissem um significado de novidade, musicando entre prédios e trânsito pesado o que era antigamente simbolizado através de roteiros fantásticos.
Nas mãos de Almeida e Ferraz, o “país dos baurets” se torna, nada mais nada menos, que o nosso Brasil. Referências tupiniquins jorram por todo o registro, encontrando no tropicalismo de décadas atrás o ponto de partida para a construção de novas concepções. Seja com vocais tortos, ruídos ou solos de guitarra que tendem ao épico, os jovens goianos tecem uma teia pegajosa, capaz de captar a atenção até mesmo do ouvinte menos acostumado aos rumos sonoros lisérgicos. Se você sempre quis conhecer a fundo a obra do Mutantes, mas nunca teve coragem, saiba que “As Plantas que Curam” se comporta como uma boa porta de entrada.
É provável que essa sonoridade propicie uma “primeira experiência” justamente porque Almeida e Ferraz souberam captar as ideias plantadas pelos australianos do Tame Impala. Depois da louvação alcançada pelo disco “Lonerism”, e a consequente mudança das regras do rock psicodélico, saber amarrar as referências chapadas à música pop tornou-se um norte a ser seguido… Afinal, nem todo mundo quer sair fumando por aí só para poder entender um disco, não é? Ciente de que o movimento hippie se exauriu há um bom tempo, o Boogarins aduba suas ideias a fim de atingir em cheio essa nova legião de ouvidos.
27. Feras Míticas – Garotas Suecas
Gênero: Indie Rock
É o crescimento a grande marca do segundo disco da banda Garotas Suecas. Redefinindo os caminhos do grupo, “Feras Míticas” chega para se caracterizar como o marco de amadurecimento do coletivo que, nos últimos anos, tem chamado a atenção do público e da crítica por mesclar de forma consistente o rock, o soul e o funk de décadas passadas. Embora a base sonora continue a mesma, há agora um claro desejo de ir além: os aspectos festeiros que envolviam “Escaldante Banda”, o primeiro álbum do coletivo, foram convertidos em criações maduras e mais abrangentes.
Em suma, não há mais nenhuma música que exija um vídeo com a participação do dançarino Jacaré. Apesar de assertivas, canções como “Banho de Bucha”, “Mercado Roque Santeiro” e “Olhos da Cara” apresentavam uma proposta juvenil, quase adolescente, construindo-se através de instrumentais alegres e versos de fácil apelo. “Escaldante Banda” foi uma boa estreia, mas para passar no famoso teste do segundo álbum, a Garotas Suecas deveria evoluir; obviamente, em três anos as concepções festivas deveriam crescer para algo maior.
E é justamente essa evolução a grande proposta da banda em “Feras Míticas”. Passeando por um conjunto dinâmico de canções, o grupo vai claramente aumentando o seu leque de possibilidades, nos entregando aspectos intimistas, existencialistas e até mesmo conceituais. Mesmo que de forma tranquila, a celebração de outrora vai se transformando em seriedade e melancolia. (Leia a resenha completa do disco)
26. Tudo Começou Aqui – Ana Larousse
Gênero: MPB/Folk
Sentimento do início ao fim. São composições íntimas, que jorram delicadeza e talento, que constroem o primeiro álbum da curitibana Ana Larousse. Ambientado nos cenários da chamada “nova MPB”, o registro é uma deliciosa audição de temas que desafiam os jovens do nosso tempo; a solidão, a saudade, a tristeza da partida e até mesmo o bucólico cotidiano são peças-chave do conjunto de canções apresentado pela cantora, obtido em grande parte durante os cinco anos em que ela morou na França, e basicamente refletindo suas experiências de vida.
Com produção assinada pelo músico Rodrigo Lemos (A Banda Mais Bonita da Cidade/Lemoskine), o álbum brinca com o ouvinte ao mesclar números simplórios com outros que tendem ao épico, sendo que, nesta dualidade, mora o que poderia ser a grande escorregada da estreia de Larousse, mas que acabou se concretizando como o grande acerto do disco. Fugindo do lugar-comum, não é raro perceber no registro certos toques da música grandiosa de grupos como Beach Boys e Pink Floyd, bandas extremamente cultuadas em terras tupiniquins, mas que encontram nos receios dos músicos daqui um obstáculo para inspirar a MPB. Em um momento em que querer fazer algo de proporções épicas dentro da música indie acabou se tornando, no senso-comum, algo de mau agouro, Lemos e Larousse não escondem suas referências e preenchem “Tudo Começou Aqui” com alguns números primorosos, injetando a força do rock clássico nas concepções íntimas, caseiras, que parecem ter saído do quarto da compositora.
Concretizando-se como um belo conjunto de sensíveis canções, “Tudo Começou Aqui” acaba se mostrando, enfim, um ótimo registro de estreia, unindo tudo o que Ana Larousse fizera nos últimos anos e a levaram a ser considerada um dos nomes mais promissores da MPB. E embora o disco não seja, como um todo, um registro necessariamente surpreendente, prende o ouvinte do início ao fim, com muito talento e muita sutileza ao tratar de sentimentos íntimos. Afinal de contas, Larousse não se apega apenas ao introspectivo, e faz com que suas composições não se tornem “tão sobre si própria” que não atinjam os ouvintes… Ela sabe como, mesmo apenas prendendo-se às suas experiências de vida, fazer com o seu público se torne parte integrante do registro, a partilhar com ela suas aflições. (Leia a resenha completa do disco)
25. Pequenas Margaridas – Nana
Gênero: Indie Pop
Se a partir de “Pequenas Margaridas” Nana deseja cultivar um colorido jardim, as primeiras flores já estão desabrochando. Repleto de sutileza, introspecção e doçura, o primeiro disco da cantora baiana, homônimo a um filme de 1966 dirigido por Vera Chytilová, se comporta como a explosão sentimental mais genuína possível de uma garota que tem pouco mais de dois anos de carreira. Naturalmente íntimo, composto inteiramente no quarto da musicista, “Pequenas Margaridas” nos leva ao universo particular da jovem, enaltecendo seus pensamentos e suas amarguras.
Surpreende a forma com Nana conseguiu bordar, com excelência, um conjunto recheado de versos sutis e belíssimos arranjos sintéticos. Construído com a intenção de não soar robótico ou superproduzido apesar de sua base eletrônica, o registro parece dar um novo significado à forma como os loops e samplers são tratados pela música Lo-Fi no Brasil. Há muita gente hoje em dia criando canções em seu próprio computador, dominando com primor as possibilidades dos mais diversos softwares de manipulação, mas poucos parecem conseguir afastar as bases programadas de um sentido de artificialidade. Nana, ao contrário, faz dos rumos eletrônicos apenas um acompanhamento para suas letras sensíveis.
Tão doce quanto o trabalho atual de cantoras como Tulipa Ruiz, Mallu Magalhães e Céu, “Pequenas Margaridas” pinta com cores vivas o cenário acinzentado em que se encontram os sentimentos de Nana. O jardim da cantora é plantado em um sentido de libertação que apenas se torna perceptível quando a obra toda é experimentada e revista: é como se retratos em preto e branco fossem pintados pela mais colorida mistura de tintas, procurando dar um significado positivo às aflições.
24. Sacode – Nevilton
Gênero: Pop Rock
Brinque, pule, grite, agite… sacode! Nada daquele teor sorumbático que permeia a maioria das produções nacionais da atualidade, e sim um toque festivo e despreocupado, pronto para as rádios, os shows e as festas. Um disco que simplesmente quer fazer você dançar, sem querer ser conceitual ou complexo. Um disco de base simples, fácil de ser ouvido, e oferecido para todos os públicos. Para tanto, a banda Nevilton não poupa a utilização de melodias atraentes e ritmos quentes, jogados em um sentido de total descontração, que a capa de “Sacode” e seu próprio título já parecem deixar bem esclarecido.
Por mais que existam alguns versos amargos dentro de “Sacode”, é o clima de celebração que constrói o segundo álbum do trio de Umuarama. Mantendo o nível apresentado em seu primeiro disco, o grupo volta a entornar em instrumentais excitantes um jogo lírico formidável, uma poesia bem-humorada e pueril que parece jogar para escanteio o teor “conceitual” que, na maioria das vezes, é erroneamente utilizado. Pense naqueles discos complexos, difíceis de digerir, que seu colega insiste em elogiar mas que você não tem paciência nenhuma de ouvir… Pois “Sacode” é totalmente o oposto disso. É um disco que atrai a todo instante, e que não agradará o mais chato de seus amigos por ser de um “pop confesso”. Se ele é pop, o que há de mal nisso? Melhor um bom disco de música pop na mão do que dois álbuns inteligíveis do Yes voando.
Saiba você, fã do Los Hermanos, que é da banda carioca que o Nevilton empresta muitas das bases de seu som. Mas como assim? Não era “Sacode” o oposto do “mimimi conceitual” que surgiu na música brasileira após o lançamento do clássico “Ventura”? Ser inegavelmente pop não significa ser, ao mesmo tempo, fraco musicalmente, ora bolas. Até quem estaciona somente nas bandas clássicas, como Led Zeppelin e Black Sabbath, verá em “Sacode” uma arquitetura atraente de arranjos instrumentais, com a guitarra de Nevilton de Alencar perfazendo uma fantástica atuação.
23. Umbra – Herod
Gênero: Post-Rock
A banda Herod mudou. Hoje é um quarteto, e o antigo nome Herod Layne foi diminuído. Uma mudança certeira, visto as modificações sonoras que envolveram o grupo. As inspirações no Pink Floyd, que ficavam claras até mesmo no nome da banda, ainda se fazem presentes, mas escondidos em meio a sonoridades especialmente densas. “Umbra” é uma porrada musical, um álbum tenebroso e intrigante, que oferece ao público um dos mais surpreendentes discos dos últimos anos.
“Umbra”, em latim, significa “escuridão e sombras”. Nenhum título seria tão significativo para o álbum quanto esse. Aterrissando em um cenário obscuro e dolorido, o quarteto ergue imensos paredões sonoros, repletos de distorções e grandiosidade, para depois derrubá-los. Uma bola de demolição é guiada pelos instrumentais pesados, que flutuam entre o passado do post-rock e toques inventivos, para que toneladas de concreto atinjam não apenas os ouvintes, mas os próprios integrantes da banda. Propondo a desconstrução de uma engenharia musical, Sacha, Lippaus, Elson e Johnny vagam pelas incertezas, por medidas adimensionais, pautando no desiquilíbrio sonoro e emotivo os rumos tortos de seus instrumentais.
Enquanto a presença de Joaquim Prado ecoa por diferentes pontos da obra, Cadu Tenório se responsabiliza pelos efeitos sonoros da primeira faixa, Filipe Albuquerque empresta seu vocal melancólico e Jair Naves grita quase sem voz. Muito mais do que a demonstração musical de um quarteto, “Umbra” cresce com suas participações especiais, passando a contar com mais alguns braços para pregar a demolição. A intenção é, afinal, acabar com tudo: dar fim às estruturas e à luz. O ouvinte é preso em um local escuro e apertado, e que a todo instante está propenso a solavancos, verdadeiros espancamentos sonoros.
22. Ainda Bem que Eu Segui as Batidas do Meu Coração – Rael
Gênero: Pop Rap
É impressionante o modo como Rael consegue fazer de sua música uma concepção altamente expansiva. Tratando dos mesmos experimentos que haviam construído “MP3 (Música Popular do 3º Mundo)”, em um exercício pleno de continuação, o músico paulistano novamente se afasta das batidas inorgânicas que muitas vezes suportam o hip hop para beber intensamente das raízes tropicais, passeando livremente pelos aspectos mais tradicionais da música brasileira. Como se comportasse como uma versão mais simplória dos tons pretensiosos de Criolo no clássico “Nó na Orelha”, “Ainda Bem que Segui as Batidas do Meu Coração” é um disco que visita novos horizontes, encarando a sociedade de uma forma mais universal, mas que não afasta Rael de sua própria aldeia. Se ele sai da periferia, é apenas para experimentar uma linguagem mais acessível, que consiga passar seu recado com maior acessibilidade, voltando seu olhar para o grande público.
Ainda que os mais puristas possam considerar a expansão do território do rap nacional como “a traição de um movimento”, prender o gênero dentro das fronteiras da periferia seria restringir o seu poder de comunicação. Se hoje o hip hop brasileiro se encontra em seu ápice criativo, é porque artistas como Emicida, Rashid, Criolo e o próprio Rael conseguem conversar com toda a sociedade, detendo o poder de atingir o público do Oiapoque ao Chuí. E “Ainda Bem que Segui as Batidas do Meu Coração”, como um dos melhores exemplos do bom momento que o rap nacional atravessa, viaja com louvor por diversas referências da música para que, no fim das contas, uma linguagem universal seja atingida.
Se são as batidas do coração de Rael que dão as ordens, nada melhor do que a utilização de uma base orgânica para representá-las. Muito distante das mesmices do rap, o músico sente-se à vontade para flertar com a música pop. Batidas próximas do R&B se espalham por todo o registro, em comunhão com a exploração de vertentes tupiniquins, como o samba e a própria MPB. Uma aventura assertiva, que só faz “Ainda Bem que Segui as Batidas do Meu Coração” se comportar como um clássico da música urbana brasileira.
21. Gratitude – Phillip Long
Gênero: Folk
Phillip Long tem apresentado um visível esforço para amadurecer rapidamente. São dois anos de carreira em estúdio, e uma discografia que já se mostra volumosa: um conjunto de seis álbuns, sendo quatro lançados no ano passado. Com isso, o músico paulista, natural de Araras, vem conseguindo atrair um bom número de audições através de um volumoso catálogo de composições; canções deliciosamente simples, intimistas e bucólicas, perfazendo arranjos acolhedores que atraem a partir de concepções diretamente ligadas ao folk de décadas passadas.
O grande risco que se corre ao lançar seguidos discos em um curto intervalo, porém, é não dar o tempo necessário para que as ideias amadureçam. Talvez demasiadamente ansioso, Long primou pela quantidade, entregando ao público trabalhos bons, é verdade, mas de uma crueza gritante; claramente, seu discos poderiam soar muito mais atraentes se melhor amadurecidos. Agora, felizmente, o músico parece ter se convencido de que chegou o momento para consolidar de uma vez por todas a sua base musical, apresentando-nos o que é, até agora, seu disco mais maduro e consistente. ”Gratitude” parece ser um marco na obra artística do compositor, e embora se agarre ao mesmo conceito dos trabalhos anteriores, diferencia-se por soar mais refinado, melhor trabalhado.
A música de Phillip Long é serena, e se prende com tudo aos detalhes, procurando abordar constantemente o íntimo de seu criador. “Gratitude”, como não poderia deixar de ser, transparece-se confessional a partir de uma forte carga de emoções. É como se o ouvinte fosse convidado a visitar a casa do músico, e com ele partilhar o cenário íntimo e bucólico expressado pela capa do disco; um proveitoso passeio, em que as confissões de Long mostram-se tão doces e singelas quanto o filhotinho aos seus pés do compositor. (Leia a resenha completa do disco)