1969: Empty Sky – Elton John

“Empty Sky” é o primeiro álbum de Elton John, lançado em 1969, mas que só alcançou a popularidade com o relançamento, em 1975, nos EUA. Por se tratar de um primeiro trabalho, ainda mostra um Elton John à procura de sua identidade musical, perceptível inclusive pelo instrumental levemente psicodélico. É tido, pelo próprio John, como um “álbum ingênuo”, e com um estilo indefinido. O próprio reconheceu, anos depois, que durante a gravação do álbum, ele estava sem saber direito que estilo seguir.

A faixa-título, que abre o álbum, é uma das músicas mais longas de toda a carreira de Elton John, com duração maior de oito minutos; é uma canção simples, que trata, como muitas das primeiras composições de John, de “liberdade”: um homem que quer ser livre como um pássaro, para estar com os outros; o instrumental é psicodélico, inclusive com a presença de congas, e com simples riffs de guitarra, que se elevam em uma nota apenas no refrão; é uma música com um final um pouco esquisito, durando mais do que o necessário, porém válida. A segunda, “Val-Hala”, é outra boa música, puxando mais para o folk, com vocal suave e a presença de um instrumento um pouco exótico nos dias de hoje, um cravo, durante o refrão e a finalização da faixa. “Western Ford Gateway” é uma canção que se inicia com ótimos riffs de guitarra, bonita, porém pouco destacada, por conter uma qualidade sonora mais pobre do que habitualmente, se tratando de Elton John.

“Hymn 2000” tem um instrumental bem psicodélico, e muitas influências folk, trazendo uma letra inspirada em Bob Dylan; o próprio John disse que tentou, com essa canção, algo no estilo de Leonard Cohen; é uma faixa curiosa, com uma estrutura bem diferente da maioria das músicas de John. “Lady What’s Tomorrow” é a música mais curta do álbum, porém um dos grandes destaques, por se tratar de uma bela canção, com um instrumental mais influenciado pelo rock clássico, cujo tema é um lamento pela destruição da Inglaterra rural, abrindo caminho para a construção de centros urbanos. A sexta, “Sails”, também é um ótimo destaque, mais influenciada por blues, com riffs de guitarra com wha-wha e piano elétrico distorcido, a tornando mais ligada ao psicodelismo.

“The Scaffold” é um tributo a um grupo teatral de Liverpool, do qual inclusive fazia parte Mike McGear, irmão de Paul McCartney; o instrumental é bastante simples, influenciado por blues, e a letra novamente é ao estilo de Bob Dylan. O grande destaque do álbum fica, porém, para a faixa 8, a clássica “Skyline Pigeon”, com instrumental psicodélico, orientado novamente por um exótico cravo; a letra fala sobre liberdade, mas o mais tocante é a extraordinária performance vocal de Elton John, altamente emocionante. “Gulliver/Hay-Chewed/Reprise” são três canções que contemplam a última faixa do álbum, se interligando através de fade-in e fade-out; é uma faixa onde há alguma falta de uma produção mais cuidadosa, e “Reprise” não soa nada bem.

Apesar dos pesares, como principalmente a indefinição de um estilo, “Empty Sky” é muito bom, trazendo toda a qualidade musical característica dos trabalhos de Elton John, já refletindo os instrumentais orientados pelo piano. Apesar de sutilmente psicodélico, já traz vários elementos pop/rock, que seriam mais trabalhados por John em seus trabalhos seguintes.

Mesmo não estando entre os melhores trabalhos de Elton John, “Empty Sky”, apesar de ser uma estreia não muito impactante, já apresenta aos ouvintes parte da genialidade do músico inglês.

NOTA: 8,0

Track List: (todas as músicas creditadas a Elton John e Bernie Taupin)

01. Empty Sky [08:28]

02. Val-Hala [04:12]

03. Western Ford Gateway [03:16]

04. Hymn 2000 [04:29]

05. Lady What’s Tomorrow [03:10]

06. Sails [03:45]

07. The Scaffold [03:18]

08. Skyline Pigeon [03:37]

09. Gulliver/Hay-Chewed/Reprise [06:59]

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