Que os mineiros do Skank começaram tocando ska, todo mundo sabe. Em seu álbum de estreia, este é o gênero característico, sendo construído sob instrumentais simples (porém extravagantes) e boas letras, que na maioria das vezes soam divertidas, mas com algum espaço para algo mais crítico.
O álbum de estreia da banda foi lançado, realmente, em 1992, sob um selo independente. Porém, após o grupo chamar a atenção de algumas pessoas ligadas a gravadoras, surgiu a oportunidade, em 1993, de remixar o álbum no Rio de Janeiro e de firmar um contrato com a Sony. Assim, com uma produção bastante melhorada e com a oportunidade de distribuir o álbum para todo o país, a banda Skank começou a se tornar conhecida.
“Gentil Loucura” é a primeira faixa, com aquela sonoridade já conhecida do começo da carreira da banda, com estrutura bastante simplista e uma inundação de metais, mas com um bom espaço para a guitarra. “In(Dig)Nação”, a segunda faixa, acabou se tornando a faixa mais conhecida do álbum, tocando bem nas rádios; ela procura retratar, com um bom olhar crítico, todo aquele momento tenso vivido pela política brasileira no início dos anos 90. “Salto no Asfalto” contém uma boa letra e um ritmo legal, com arranjos bem feitos.
“Macaco Prego” é divertida, mas também bem fraquinha, mostrando uma sonoridade confusa e uma insegurança que existe na maioria dos debuts. Muito melhor é a próxima faixa, “Tanto”, o grande destaque positivo do álbum, uma ótima música romântica, versão bastante bem feita de “I Want You”, de Bob Dylan, com uma letra inspirada e instrumental bastante superior à maioria das músicas do álbum. O destaque de “O Homem Q Sabia Demais” é a letra, que infelizmente foi alocada em um instrumental bastante fraco, enjoativo, e com alguns efeitos eletrônicos totalmente desnecessários.
“Let Me Try Again” é a regravação desastrosa de um clássico gravado por Frank Sinatra; o vocal até que é bem feito, mostrando todo o talento de Samuel Rosa, mas o instrumental é fraquíssimo. Já “Baixada News” é ótima, com uma inteligente crítica social, que se destaca no álbum, apesar (mais uma vez) da desnecessária presença de efeitos eletrônicos. “Réu & Rei” é também uma boa composição, mostrando, com outras deste álbum, que a parceria entre Samuel Rosa e Chico Amaral renderia bons frutos – esta foi responsável por um grande número dos grandes sucessos do Skank.
A penúltima é mais uma regravação, “Cadê o Pênalti?”, de Jorge Ben Jor, mostrando toda a paixão dos membros da banda pelo futebol (que se destacaria ainda mais em “É uma Partida de Futebol”). Fechando o álbum, “Caju Dub”, que não é nada mais do que a versão apenas instrumental de “Salto no Asfalto”, finalizando o álbum com uma grande “encheção de linguiça”.
Claramente, falta consistência no álbum de estreia do Skank, que, apesar de conter algumas boas músicas, é composto basicamente por um instrumental fraco e por uma produção que deixa a desejar em vários pontos. Mas as letras e a certeza de talento mostravam que a banda daria bons frutos, alcançando então, em 1994, sucesso, brilhantismo e consistência, com o álbum “Calango”.
Sem dúvida, com o seu álbum de estreia, o Skank conseguiu apreender críticas construtivas e experiência, que muito serviram para seu amadurecimento musical. Viria, após o álbum “Skank”, uma sequência muito boa de álbuns, que perdura até hoje.
NOTA: 5,6
Track List:
01. Gentil Loucura (Afonso Jr./Chico Amaral) [03:59]
02. In(Dig)Nação (Samuel Rosa/Chico Amaral) [04:04]
03. Salto no Asfalto (Samuel Rosa/Fernando Furtado) [04:09]
04. Macaco Prego (Samuel Rosa/Chico Amaral) [02:54]
05. Tanto (Bob Dylan; Versão: Chico Amaral) [04:06]
06. O Homem Q Sabia Demais (S. Rosa/T. Paes/F.Furtado) [03:54]
07. Let Me Try Again (Caravelli/M. Jourdan/P. Anka/S. Cahn) [03:04]
08. Baixada News (Samuel Rosa/Chico Amaral) [04:51]
09. Réu & Rei (Sameul Rosa/Chico Amaral) [04:02]
10. Cadê o Pênalti? (Jorge Ben Jor) [03:58]
11. Caju Dub (Samuel Rosa/Fernando Furtado) [03:47]